A mulher apanhada em adultério João 7:53; 8-11

Todos os estudiosos da bíblia entendem que o evangelista João deu grande importância aos relatos de Jesus com as mulheres. Sem dúvida, Jesus considerava válido e eficaz o testemunho das mulheres e seu papel na pregação porque ele as envia a pregar e aprovava seu ministério apostólico. Não existem dúvidas de que na visão de João, Jesus não separava “machos” e “fêmeas” no seu ministério. Ele tinha amizade com as mulheres, falava com elas, as desafiava a testemunharem apostolicamente. João relata que Jesus valorizava as mulheres como discípulas. Jesus fala teologicamente com elas, as ensina, as desafia ao arrependimento e permite que elas sejam ouvintes e pregadoras da sua mensagem.
João faz uma declaração do propósito do livro dizendo que a idéia central é mostrar a exata divindade e messianidade de Jesus. O conflito de João é entre a fé e a incredulidade, dizendo que o poder de Deus está disponível aos que crêem no seu nome e o recebem como Filho de Deus. João relata que a incredulidade do povo crescia a medida em que o ministério de Jesus se desenvolvia. O preconceito, o ódio, as intenções de assassinato são relatadas explicitamente e propositadamente por João. Nem os discípulos não escaparam disso, eles também duvidavam de Jesus a medida em que Ele se revelava mais claramente. A principio, o ministério de Jesus foi aceito pelo povo, apesar das motivações erradas das pessoas, mas os embates crescem quando Jesus se confronta os mercadores e purifica o templo, quando debate com os fariseus acerca do sábado, quando reivindica sua divindade. Mas, acima de tudo, João evidencia a natureza expiatória de Cristo e sua missão como sofredor.
O propósito central então é estabelecer uma relação pessoal de fé em Jesus. E, as mulheres têm um papel muito importante no livro porque em João, elas aparecem nos momentos mais cruciais do ministério de Jesus se mostrando arrependidas e prontas a servi-lo.
Um dos relatos centrais e mais importantes é o da mulher apanhada em adultério. De todas as mulheres, essa é a mais vulnerável, envergonhada e carregada de desprezo. É também a menos conhecida. Não sabemos nada sobre seu passado, nem sobre sua vida, mas só que seu futuro foi mudado por uma breve conversa com Jesus. No contexto, como já dissemos, o ódio contra Jesus era crescente e o episódio serve para que Jesus fortalecesse ainda mais sua mensagem radical. O contexto do texto nos remete a chamada “Festa dos Tabernáculos”, onde o povo passava a habitar em cabanas, deixando suas casas, suas famílias, quebrando a rotina e por isso, gerando um clima de imoralidade entre o povo. Em meio a essa festa, uma mulher é apanhada em pleno ato de adultério. Na verdade, essa mulher era apenas uma isca, uma armadilha nas mãos dos fariseus para tentar acusar Jesus. Seu parceiro não é mencionado. Por isso, parece claro que o ódio dos fariseus era na direção da mulher, mas principalmente contra Jesus. Isso porque Jesus constantemente os acusava de torcer a lei e de usá-la para o mal, fazendo das suas tradições uma forma de odiar as pessoas. A lei de Deus havia se transformado em tradições humanas. A armadilha dos fariseus era levar Jesus a um “beco teológico”, onde ele poderia negar a lei de Moisés e incorrer em heresia ou em permitir a morte de uma mulher autorizado pela lei judaica, o que seria uma afronta contra Roma, já que sem uma condenação oficial do governo romano, não se poderia matar.
O que Jesus faz é fantástico: Primeiramente, ele concorda com a lei, no que diz respeito a que todos os que pecarem devem morrer. Mas a afirmação dele é que só quem não tem pecado pode matar. Jesus aponta para a natureza maligna, perversa, oculta e pecaminosa de todos os seres humanos. Ele concorda com a lei, mas desqualifica o homem a cumpri-la. Esse é também o posicionamento de Paulo, quando diz que quando se quebra um princípio da lei, quebra-se toda a lei. Ou seja, a lei é um instrumento de condenação e juízo porque revela o pecado e não é capaz de justificar o pecador. Jesus cancela o julgamento humano.
Em segundo lugar, Jesus diz que receber o perdão implica em renuncia da velha vida, que o perdão é resultado de um abandono radical do pecado. Isso pressupõe o verdadeiro arrependimento, o abandono do erro. Quem é realmente perdoado, deve consertar sua vida diante de Deus.
Ao mesmo tempo, Jesus expõe o pecado de todos os seres humanos, indistintamente, desde as prostitutas e meretrizes aos mais religiosos, puritanos, separatistas e também declara a graça incondicional de Deus sobre os mais miseráveis pecadores. Jesus expõe a escuridão interior dos que condenavam e ilumina o caminho dos que reconheciam sua cegueira.
Importante saber que essa festa lembrava o povo no monte do Sinai, quando Deus escreve a lei e a entrega ao seu povo. O povo acreditava que o dedo de Deus havia escrito a lei nas pedras da aliança. Agora, paralelamente, o dedo de Deus em Cristo escreve uma nova lei na areia, a nova aliança. Assim como Israel recebeu a lei no pé do monte, a mulher recebia a graça de Deus aos pés de Cristo, pela lei escrita na areia. Jesus revela o verdadeiro sentido da lei, o amor, a compaixão, o cuidado, o acolhimento dos discriminados e esquecidos. E mais, Ele revela que apesar do adultério, aquela mulher poderia receber a graça de Deus e seu perdão se decidisse não pecar mais.
Jesus não era um liberal porque não aprovava o pecado e não era um legalista porque não condenava pela lei. Todos nós temos um pouco dessa mulher adultera. E cada um de nós reside um pouco do pecado dela, da sua vergonha, culpa, condenação. Todos nós somos adúlteros, réus, condenados, perdidos. Essa mulher nos representa e revela a dádiva maravilhosa da graça de Deus.

Comentários

Anônimo disse…
a paz irmãos ! profundo as aplicaçoes em cima deste texto sagrado, que o Senhor use vçs poderosamente na exposição da sua palavra ! Jesus abençoe a todos gdemente!
Unknown disse…
Deus é o todo poderoso.... Deus da graça , e o Deus de misericòrdia.... e que a sabedoria de Deus venha te envolver......*( R O D R I G O )*........'

Postagens mais visitadas deste blog

Ministério feminino - I Timóteo 2: 9-15

Big Brother...